A partir de um cartaz de iniciativa individual e independente de Rosa Pomar contra a compra de azulejos furtados, surgiu imediatamente a seguir um segundo cartaz, já fruto de uma iniciativa conjunta com o Projeto SOS Azulejo, que ilustra a presente notícia.
Ambos os cartazes, divulgados no facebook, se tornaram virais, demonstrando uma adesão pública espontânea ao combate a este problema, transformado numa questão cívica nacional. De facto, trata-se de uma medida com potencial verdadeiramente eficaz de combater os pequenos e repetidos furtos de azulejos de padrão e de fachada, combate que forçosamente passa pela prevenção e pela dissuasão. É que é impossível vigiar 24h em simultâneo todos os prédios azulejados do país. E, perante os azulejos de padrão que encontramos à venda, só em muito poucos casos há informação que permite distinguir entre azulejos furtados e azulejos oriundos de demolições e recolhidos em entulhos de obras, informação que os vendedores invariavelmente nos darão se forem questionados sobre a origem dos azulejos (diferentemente dos azulejos figurativos, em que é mais fácil a distinção e em que o SOS Azulejo já interveio há muito e com eficácia surpreendente, como demonstraremos adiante).
Mas é possível combater o fenómeno de outros modos, como o ‘SOS Azulejo’ tem feito:
Em primeiro lugar, fazendo com que passassem a ser interditas as demolições de fachadas azulejadas e a remoção de azulejos das mesmas fachadas em Lisboa (novo Regulamento Municipal de Urbanização e Edificação de Lisboa de Abril de 2013), procurando agora que a mesma medida seja adotada por todos os Municípios portugueses. Esta medida simples terá forçosamente um enorme impacto positivo na salvaguarda do património azulejar português, no seu conjunto. É que, a continuar a demolição de edifícios azulejados ao ritmo do últimos 30 anos, Portugal deixará rapidamente de ser o país com o património azulejar mais importante do mundo.
Em segundo lugar, colocando no nosso site as fotografias dos azulejos furtados figurativos que foram alvo de queixa na Polícia Judiciária. Com efeito, tratando-se de figuras únicas, são identificáveis pela imagem e torna-se muito difícil circularem nos mercados sem serem reconhecidas como furtadas (por oposição aos azulejos de padrão, que se repetem em vários prédios e várias cidades). A disseminação destas imagens torna-se assim altamente dissuasora de novos furtos e, comprovando tal facto, os furtos registados de azulejos diminuíram em mais de 80% desde que o SOS Azulejo nasceu, em 2007.
Em terceiro lugar, a sensibilização geral da população para este problema e para a valorização do património azulejar português. É que só se cuida verdadeiramente daquilo que se valoriza – e o estado das fachadas azulejadas de muitos prédios portugueses demonstram bem quão pouco os seus azulejos são valorizados. Como é possível que se menospreze desta forma um património cultural único no mundo? Como é possível que se maltrate desta forma um património cultural tão valioso e tão apreciado pelos estrangeiros? Esta é a questão que é preciso fazer passar – e que ainda não passou completamente. Daí que o cartaz em causa seja tão importante: pode contribuir e está certamente a contribuir para uma mudança de mentalidade portuguesa que tem sido a batalha mais difícil de travar pelo ‘SOS Azulejo’ (apesar de todas as múltiplas as iniciativas e ações que tem encetado). O ‘Projeto SOS Azulejo’ já ganhou o maior prémio da União Europeia para o Património Cultural/EUROPA NOSTRA (prémio nunca antes atribuído a Portugal) – mas ainda não ganhou para a sua causa a maior parte dos portugueses.
A causa da defesa do Património Azulejar português – único no mundo e tão maltratado no nosso país – merece transformar-se numa causa cívica nacional. E o presente cartaz está a ajudar!