QUESTIONÁRIO ‘SOS AZULEJO’ AOS MUNICÍPIOS SOBRE INVENTÁRIOS AZULEJARES MUNICIPAIS: RESULTADOS E SOLUÇÕES MODELO
Dentro dos seus propósitos gerais de proteção e valorização do Património Azulejar português, em 2018 o ‘Projeto SOS Azulejo’ lançou um questionário (através do seu parceiro ANMP) aos 308 municípios portugueses sobre inventários azulejares municipais, cujos resultados finais demoraram a chegar e puderam ser analisados no final de 2020.
O objetivo final a longo prazo deste questionário consiste em possibilitar e contribuir de modo decisivo para a elaboração de um ‘Mapa Nacional do Azulejo’ e ‘Rotas temáticas nacionais de azulejos’ que no futuro permitam proteger, valorizar e usufruir a totalidade do património azulejar português e, a curto e médio prazo, encorajar os municípios a elaborar inventários azulejares municipais uniformizados que possibilitem a mesma proteção, valorização e usufruto locais.
Os principais resultados do questionário ‘SOS Azulejo’ sobre inventários azulejares municipais foram os seguintes:
Destes resultados, relevamos:
– Mais de metade dos municípios (55%) responderam;
– Dos que responderam, a grande maioria (81%) não iniciou ainda a elaboração do seu inventário azulejar municipal;
– Dos 33 municípios que já os iniciaram, 58% seguiram os critérios da AZ-Rede de Investigação em Azulejo (ARTIS-IHA/FLUL) que possibilitarão uma uniformização e fácil junção de todos os inventários num inventário/mapa global nacional;
– 85 municípios (63% dos respondentes) afirmaram pretender elaborar inventários azulejares municipais.
Dos contactos informais que o ‘SOS Azulejo’ teve com vários municípios claramente se infere que o principal obstáculo que se coloca à elaboração destes inventários azulejares por parte dos municípios (que manifestaram vontade de os levar a cabo), se traduzem na falta de recursos técnicos e/ou financeiros para formar equipas tecnicamente capacitadas.
O desafio colocado pelo ‘Questionário ‘SOS Azulejo’ aos municípios já começou, porém, a provocar outros efeitos positivos que temos todo o gosto e interesse em divulgar.
Com efeito, deparámos com uma solução levada a cabo pela Câmara Municipal de Lamego que logrou ultrapassar as referidas dificuldades e que gostaríamos de apresentar aqui como modelo e caso de Boas Práticas que poderá ser seguido por outros municípios que de outro modo não possam elaborar os seus inventários azulejares municipais.
De facto, em boa hora a Câmara Municipal de Lamego encetou conversações e elaborou um Protocolo de colaboração sobretudo científica e pedagógica com a ‘Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego’ (ESTGL) que lhe permitiu iniciar a inventariação tecnicamente adequada do seu património azulejar através do trabalho académico de alunos do curso de ‘Gestão Turística Cultural e Patrimonial’ e do mestrado em ‘Gestão do Património Cultural e Desenvolvimento Local’ da mesma ESTGL, ao longo do ano académico, trabalho esse que ganhará assim também imediata valorização e visibilidade não só na comunidade científica, mas também a nível da comunidade local e nacional. Além do protocolo assim estabelecido previr que a autarquia conceda apoio logístico através do fornecimento de recursos materiais e técnicos necessários, este processo teve também o apoio técnico da AZ-Rede de Investigação em Azulejo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (ARTIS-IHA/FLUL, Parceira do ‘SOS Azulejo) no que respeita aos procedimentos e critérios de inventariação.
(Ver notícia do Público sobre este assunto aqui).
No final, o resultado deste procedimento quase sem custos adicionais para nenhuma das partes intervenientes será extremamente vantajoso não só para o município em si, para a Academia e cada um dos alunos envolvidos, mas também para a proteção do património cultural edificado local e, como referido, todo o património azulejar nacional.
Nesta sequência, e dado que muitas outras instituições de Ensino Superior espalhadas pelo país dispõem dos mesmos cursos/mestrados e também de outros em áreas apropriadas como História de Arte, Arquitetura, Gestão do Património, Gestão Cultural, etc., o ‘Projeto ‘SOS Azulejo’ vem desafiar as Câmaras a encetar conversações com as Escolas Superiores dos seus municípios com vista à elaboração de protocolos (ou desenvolvimento de protocolos já existentes) para elaboração de inventários azulejares municipais tecnicamente corretos e uniformes que sigam os critérios da AZ-RIA (ARTIS-IHA/FLUL).