MESTRE QUERUBIM LAPA E OFICINA DO CASTELO (Prémios SOS Azulejo 2013) SALVAM PAINEL NA AV. 5 DE OUTUBRO, LISBOA

Painel desaparecidoN a manhã da passada 6ª feira dia 4 de Outubro Mestre  Querubim Lapa  deparou-se, horrorizado e atónito, com a destruição de um de dois belíssimos painéis  laterais em azulejo do café Bola Cheia, numa esquina da Av. 5 de Outubro, em Lisboa, que a foto ao lado ilustra. Tratava-se de dois painéis publicitários únicos – “Chinoiseries”/Arte Nova –  de uma antiga casa de chás e cafés, datados e assinados por A. Dean, 1912.  De imediato Mestre Querubim Lapa alertou Susana Barros e Vera Teotónio Pereira da OFICINA DO CASTELO. Em conjunto rapidamente agiram e, contactando a Policia Municipal (LINHA AZUL 808 20 20 36) e o PISAL (CML), conseguiram parar a destruição, ficando um dos painéis na parede, tendo a obra sido embargada e o proprietário intimado a pagar uma coima, por ausência de licença.

Quanto ao painel destruído: os fragmentos foram recolhidos, tendo ficado à guarda do proprietário, que se encontra obrigado a repor o painel no local primitivo, através de reconstrução do original ou, na impossibilidade de tal, através de réplica adequada.

Moral da história: continuam infelizmente a ocorrer atentados como o que acabámos de descrever, indicativos de uma total insensibilidade e falta de informação sobre o valor diversificado do património azulejar português, mas já há sinais de que ‘o crime’ não compensa. Há já quem intervenha ativamente e consiga impedir efectivamente parte desses desvarios. Os intervenientes deste caso – Mestre Querubim Lapa, Susana Barros e Vera Teotónio – provaram que eram mais do que merecedores dos Prémios ‘SOS Azulejo’ recebidos este ano em Maio, e estão mais uma vez de parabéns!

Reportando-nos apenas ao presente ano, recordamos que também em Maio, perante a destruição de um painel de azulejos representando o mapa do concelho, em Gouveia, o SOS Azulejo interveio diretamente junto da Câmara Municipal respetiva, sensibilizando e impedindo assim a destruição de outros painéis semelhantes na zona.

 Também a reação imediata e inédita de repúdio por esta destruição e, sobretudo, de apoio aos ‘salvadores’ do painel em questão, que a notícia sobre este caso no facebook do ‘SOS Azulejo’ provocou, no próprio dia  – chegando neste momento a quase 14.000 recetores e 500 partilhas – poderão constituir sinais positivos de uma nova sensibilidade e postura perante o património azulejar português por parte de camadas populacionais cada vez mais abrangentes, extravazando largamente a costumeira elite amante dos azulejos portugueses (essa sim expressiva e visível  desde os anos 50, sobretudo a partir de João Miguel Santos Simões). É esse um dos grandes objetivos do ‘SOS Azulejo’: chegar à rua, tocar o comum dos cidadãos portugueses e fazer de cada um – um apaixonado e orgulhoso defensor de um património azulejar único no mundo. Lá chegaremos … quem sabe mais rapidamente do que muitos pensam – ou teimam em agoirar – enfatizando sempre e só os aspetos negativos e ignorando os sinais positivos que, achamos nós, começam a despontar!