Conservação Preventiva

Prevenção Criminal Conservação Preventiva

Identificar problemas

Quais os principais problemas que se podem identificar em painéis de azulejos?
Os danos que os painéis apresentam podem ser diversos e dependem de causas específicas e que se torna imprescindível identificar. Por outro lado também devem de ser identificadas e devidamente salvaguardadas as diferenças entre os danos decorrentes do fabrico, da aplicação e utilização, das intervenções inadequadas e do vandalismo. Todavia, alguns defeitos de fabrico podem contribuir para o aparecimento de patologias, contribuindo para a sua degradação.
De modo a perceber melhor qual o estado de conservação dos painéis é importante conhecer quais os danos que vulgarmente se encontram, quer no interior, quer no revestimento de fachadas.
Assim, é possível estabelecer uma divisão entre os danos do painel, ou seja, que interferem com o painel no geral, e também ao nível do azulejo. Tratam-se de sugestões metodológicas que pretendem facilitar a compreensão entre todos.

Veja-se em primeiro lugar os danos mais comuns referentes ao painel:conservacao_preventiva1

1) Falta de azulejos;
Corresponde à ausência de azulejos no painel;

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2) Azulejos trocados;
São azulejos que podem pertencer ao painel, mas colocados noutro local e/ou fora de posição ou serem azulejos de outros painéis;

3) Perda de coesão das argamassas de assentamento;
Implica a perda de azulejos que se destacam e caem;

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4) Enfolamento do painel;
Trata-se da formação de uma “barriga” no painel e que pode dar origem à queda de azulejos;

5) Preenchimento de juntas com argamassas de cimento Portland;
Dificulta o equilíbrio entre as condições ambientais do espaço e do interior da parede.

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6) Preenchimento com argamassas de cimento Portland de azulejos em falta;
Nas áreas de azulejos em falta o preenchimento com argamassas tipo cimento Portland, podem representar um aumento de tensões na parede e motivar a queda dos azulejos em redor;

7) Assentamento deficiente;
Representa o desrespeito pelo espaçamento entre azulejos, a falta de nivelamento ou a colocação errada destes.

Quanto aos azulejos podem considerar-se os seguintes danos:

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1) Defeitos de fabrico;
Podem ser de diversa ordem e afectam principalmente o vidrado, apresentando descontinuidades;

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2) Lacuna;
Trata-se da ausência de parte de um azulejo e que pode ser motivado pela existência de uma fractura e desprendimento da argamassa de suporte;

3) Fracturas e fissuras;conservacao_preventiva1_3
Podem ser simples ou múltiplas e ocorrem por movimentações da própria estrutura, pelo assentamento com argamassas muito fortes (com uma resistência mecânica mais elevada), por força de impacto (pela acção antrópica, voluntária ou involuntária), pela libertação de tensões acumuladas durante o processo de fabrico;

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4) Manchas e depósitos superficiais;
Aparecem sobre o vidrado e podem ser de diversa ordem, como poeiras e sujidades, restos de colas da colagem de cartazes, restos de tintas (de pintura dos edifícios ou grafittis), restos de argamassas;

5) Manchas de óxidos metálicos;conservacao_preventiva1_5
Ocorrem na chacota, devido à sua elevada porosidade, quando são colocados elementos metálicos nas juntas ou no próprio azulejo ou sobre os vidrados através da escorrência de óxidos sobre os painéis. Podem ocorrer pequenas pontuações de oxidação sob o vidrado devido a problemas de selecção das matérias-primas dos azulejos;

6) Eflorescências;conservacao_preventiva1_6
Trata-se da cristalização visível de sais solúveis (manchas esbranquiçadas com aspecto pulverulento) e é motivado pela presença e circulação de água no interior da parede e argamassas de assentamento e à diferenciação térmica à superfície dos azulejos;

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7) Desenvolvimento de microorganismos;
É motivado pela presença de humidade elevada nos azulejos e parede, fixando-se preferencialmente nas zonas de junta e de destacamentos de vidrado;

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8) Lacunas de vidrado;
Ausência de parte ou da totalidade do vidrado e é provocado pela falta de aderência do vidrado à chacota, seja pela cristalização de sais solúveis, seja devido a um fabrico deficiente;

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9) Destacamentos de vidrado;
Trata-se de uma situação semelhante à anterior quanto à sua origem, mas caracteriza-se pelo levantamento do vidrado (em parte ou totalmente) sem existir a sua perda;

10) Escamação e pulverulência;conservacao_preventiva1_10
Degradação da chacota em pequenas lascas ou pó, (iniciando-se na zona do bordo) resultando na perda de material através de uma simples solicitação mecânica. É motivado pela cristalização de sais solúveis, devido às matérias-primas usadas no fabrico ou pelo ataque/dissolução da fase vítrea;

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Conhecer causas

Quais são as causas de deterioração que posso esperar e tentar minimizar?

Os danos identificados nos azulejos e painéis, sendo muito diversificados, devem a sua origem a causas que supomos de modo mais ou menos simples e que, na maioria dos casos, desconhecemos o momento ou o início dos problemas.
Os danos inerentes à estrutura do edifício também condicionam o estado geral de conservação dos painéis e são também considerados como causa de alteração/degradação.
Conhecer os danos mais comuns, o tipo de material e as características do azulejo e das argamassas, o modo de aplicação e os materiais usados no edifício, é essencial para fazer uma correcta avaliação do estado de conservação do conjunto.
É importante conhecer quais os agentes que contribuem para essa alteração e onde se localizam de modo a poder contribuir para a minimização dos efeitos nocivos.
Por exemplo, um dano disseminado por toda a superfície dos azulejos pode indicar um problema de fabrico ou, por outro lado, uma causa de alteração que se estende a todo o edifício. O contrário, ou seja, um dano localizado, aponta para uma causa mais específica, provavelmente decorrente da acção humana e, potencialmente, mais fácil de resolver.
De uma forma genérica podemos considerar a fase de fabrico, a absorção e circulação de água na parede, problemas estruturais e a acção humana, como as principais causas de alteração dos azulejos e painéis.

Vejamos:

1 – Durante o processo de fabrico podem ocorrer os primeiros problemas, quer seja na escolha e preparação das matérias-primas, na conformação, na aplicação do vidrado ou durante a cozedura e arrefecimento.

Independentemente da origem, estes problemas identificam-se no azulejo, de modo localizado ou em geral e podem manifestar-se logo após o fabrico ou posteriormente à sua aplicação.

2 – A absorção de água pela parede, seja pelo solo ou por precipitação contribui decisivamente para o aparecimento de alguns danos em painéis de azulejos.
Um dos efeitos mais nefastos é a dissolução e transporte de sais solúveis que se manifesta pela presença de eflorescências à superfície ou sob o vidrado. O efeito continuado deste processo pode levar ao destacamento do vidrado, ao aparecimento de fracturas e fissuras, escamação, pulverulência e perda de consistência da chacota. Por outro lado a água favorece a formação de depósitos superficiais, por exemplo através da lavagem de óxidos de elementos metálicos e do seu posterior transporte.
A presença de água também contribui para o desenvolvimento de microorganismos e o crescimento de plantas superiores, normalmente nas zonas de lacunas ou nas juntas dos azulejos.

3 – Parte integrante do edifício, os revestimentos azulejares são influenciados pelo comportamento da estrutura. Esta pode produzir tensões localizadas nos painéis e conduzir ao aparecimento de fissuras e fracturas em alguns azulejos. Em situações mais graves de movimentações estruturais podem ocorrer situações de destacamentos de partes ou da totalidade dos revestimentos.
A degradação das argamassas, ou seja, a perda de função ligante, pode ser responsável por grandes áreas de destacamento de azulejos.
Em diversas situações, os revestimentos de azulejos dos edifícios não seria original, o que pode ser também uma causa importante na degradação dos azulejos, essencialmente pela incompatibilidade da resistência entre azulejo e argamassa e estas e a alvenaria.

4 – Podemos considerar como causa de alteração e degradação o uso de técnicas de conservação o restauro que produzam tensões mecânicas, a adaptação de espaços interiores, a colocação de elementos estranhos (como pregos ou suportes metálicos), entre outras situações, são igualmente passíveis de causar danos em painéis azulejares.
Também as acções de conservação desadequadas, nomeadamente o uso de substâncias químicas nocivas para os azulejos (como as lixívias) ou o uso de materiais de compatibilidade inadequada (Consultar mais adiante: Algumas medidas para a conservação dos azulejos).
Os actos de vandalismo são também uma causa importante para a destruição de painéis de azulejos, que podem originar diversos tipos de danos. Os imóveis abandonados, ou pouco frequentados, são um alvo com maiores potencialidades, quer para a sua degradação como para o roubo (Consultar neste site “CONSELHOS PRÁTICOS-PREVENÇÃO CRIMINAL”).

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Apontar Soluções de Conservação
CONSERVAR É A PALAVRA CHAVE

A conservação consiste na acção directa ou indirecta sobre os bens de modo a retardar a deterioração e prevenir futuros danos. Isto pode conseguir-se através de acções que impliquem a criação de condições para que a deterioração não avance – ao alcance de qualquer leigo, como se verá nos tópicos seguintes – ou, com o mesmo objectivo, realizar pequenas intervenções, que deverão SEMPRE SER EFECTUADOS POR CONSERVADORES-RESTAURADORES CREDENCIADOS NA ÁREA DA AZULEJARIA.

COMO PODEREI CONSERVAR OS MEUS AZULEJOS?

1º – Identificar e registar os conjuntos azulejares

Uma das primeiras operações a realizar para a identificação de um painel de azulejos é através do registo fotográfico e da descrição dos painéis e dos espaços onde se inserem. A fotografia deve evitar os excessos de brilho uma vez que prejudicam a leitura dos painéis.
Adicionalmente podem ser efectuados alguns registos gráficos de modo a ilustrar algumas particularidades, como a planta do imóvel por exemplo.
Por outro lado, a descrição das cenas ou de algumas composições facilita o trabalho em futuras acções de identificação.
No processo de registo, a divisão entre painéis pode ser efectuada pelos diferentes panos de alvenaria, aproveitando o limite das paredes ou outras descontinuidades, como pilares ou vãos, por andares ou painéis. Esta individualização pode por vezes ser artificial no que respeita aos padrões ou cenas representadas.

Se quiser saber ou fazer mais?

O ideal será contactar com um especialista na área da História da Arte para que este possa realizar um estudo adequado do conjunto.
Por outro lado, se pretender um registo detalhado sobre o real estado de conservação do conjunto azulejar, é desejável que contacte um conservador-restaurador especialista na área da azulejaria.

2º – Algumas medidas para a conservação dos azulejos

a) Quando os azulejos se encontram em relativo bom estado de conservação é possível e aconselhável a sua limpeza. Deve considerar sempre os seguintes aspectos de modo a não acentuar os danos na superfície:

  • Se os azulejos apresentam poeiras na superfície, utilize na limpeza apenas um pano macio e seco;
  • Quando estes apresentam restos de colas, de fitas adesivas, de autocolantes ou de papel de parede, efectuar a limpeza com água morna e um pano, mas apenas nesses locais;
  • Se possível utilizar água destilada;
  • Não usar objectos como facas ou outros similares para a remoção de sujidades mais aderentes nos azulejos;
  • Nunca usar na limpeza dos azulejos lixívias ou outros produtos de limpeza que contenham lixívias ou ácidos;
  • Se o vidrado dos azulejos estiver a destacar não é aconselhável a sua limpeza.

b) Quando os azulejos se encontram em risco de destacar da parede, os problemas podem ser diversos e deve pensar em contactar um conservador-restaurador para garantir a sua conservação. No entanto, enquanto este processo se desenvolve, pode tomar medidas de modo a evitar o destacamento e a queda dos azulejos:

  • O processo mais eficaz consiste em aplicar um material resistente sobre os azulejos com a ajuda de uma cola que possa depois ser retirada sem causar danos, conforme se explica nos passos seguintes;
  • A este processo dá-se o nome de faceamento ou facing;
  • Comece por adquirir uma gaze que tenha uma dimensão um pouco maior que o conjunto dos azulejos onde pretende realizar o faceamento;
  • Adquira também uma cola, Paraloid B72®, comercializada sobre a forma de um pequeno granulado incolor em lojas dedicadas à conservação e restauro;
  • Deve ainda adquirir acetona pura, por exemplo, numa farmácia;
  • Para a preparação desta “cola”, junte num recipiente 10% em peso de Paraloid B72® para 90% de Acetona;
  • Prepare esta “cola” num espaço ventilado e longe de fontes de ignição e use uma máscara com filtros para solventes orgânicos, devido à toxicidade da acetona;
  • Use sempre luvas e óculos de protecção;
  • Após a dissolução do Paraloid B72®, pode colocar a gaze na zona superior do painel e pincele com uma trincha a “cola” sobre a gaze em todos os azulejos;
  • Use sempre a máscara durante a aplicação do faceamento e mantenha portas ou janelas abertas até à evaporação da acetona;
  • Este procedimento deve ser encarado como uma medida temporária.

c) Quando realizar obras de remodelação em espaços com revestimentos de azulejos em que estes têm de ser removidos, providencie que esse levantamento seja feito por profissionais qualificados. Deve proceder ao seu correcto acondicionamento e nunca se desfazer dos azulejos.
Quando os azulejos já se encontram destacados devemos então procurar acondicioná-los de um modo correcto:

  • A remoção de azulejos só se deve efectuar se estiverem em risco de queda, evitando assim que ao cair se fracturem ou causem outro tipo de danos;
  • Deve conceber ou mandar fazer caixas de madeira, devidamente tratadas com um produto desinfestante, como por exemplo o Cuprinol ou Xylophene;
  • As dimensões das caixas devem ser pensadas de acordo com a largura dos azulejos, e não serem muito grandes para que possam ser facilmente transportadas (ver figura em baixo);
  • Os azulejos devem ser colocados nas caixas de modo a que a parte do azulejo que assenta na parede junte com outra e o vidrado com o vidrado;
  • Preferencialmente, entre os vidrados, deve ser aplicado um material inerte, como por exemplo um pedaço de plástico de bolhas de ar ou outro material com funções semelhantes;
  • Se (re)assentar azulejos históricos ou artísticos, NÃO USE CIMENTO, mas sim argamassa de cal.

3º – Instituições que podem fornecer informações sobre empresas ou profissionais individuais qualificados

Pode contactar as seguintes instituições:

Instituto Politécnico de Tomar
Departamento de Arte, Conservação e Restauro
Quinta do Contador – Estrada da Serra
2330-313 Tomar
Tel. Geral – (+351 249 328 100
Tel. Dep. A.C.R. – (+351) 249 328 130
http://portal.ipt.pt/portal

Museu Nacional do Azulejo
Rua da Madre de Deus, 4
1900-312 Lisboa
Tel. (+351) 218 100 340
Fax: (+351) 218 100 369
http://www.mnazulejo.imc-ip.pt

DGPC (Direcção-Geral do Património Cultural)
Palácio Nacional da Ajuda
1349 – 021 Lisboa
Tel. (+351) 213 614 200
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/

Nota:
De forma a manter actualizada uma bolsa de empresas ou conservadores-restauradores individuais qualificados na área da azulejaria, aceitamos o envio de documentos com: Nome, CV(s) e contactos de empresas ou conservadores-restauradores individuais; resumo/indicação dos trabalhos realizados na área e o relatório de um desses trabalhos.
As informações devem ser enviadas para o Departamento de Arte, Conservação e Restauro do Instituto Politécnico de Tomar, com a referência “Projecto SOS Azulejo” ou para rtriaes@ipt.pt.

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