Muitos dos Hospitais Civis de Lisboa vão mudar a médio prazo para novos edifícios, com melhores condições, mais modernas e adequadas. Os antigos edifícios já começaram a ser vendidos e possuem muitos deles um notável património azulejar, que urge proteger na fase de transição e de risco que se aproxima. Com efeito, a experiência diz-nos que é nesta fase de mudança de funções, em que os edifícios ficam devolutos e entregues a si próprios, que ocorre grande parte dos furtos de azulejos históricos e artísticos. É pois necessário chamar a atenção das entidades envolvidas, nomeadamente as que adquiriram ou vão adquirir estes imóveis, para este perigo eminente e para a imperiosa necessidade de se tomarem medidas PREVENTIVAS (nas áreas da prevenção criminal e da conservação preventiva) que logrem impedir que estes azulejos desapareçam nas garras dos amigos do alheio.
Medidas já tomadas pelo Projecto ‘SOS Azulejo’ em defesa deste importante património azulejar em risco:
– Organização de visitas ‘SOS Azulejo’ no final de 2009 e princípio de 2010 aos Hospitais de S. José, Sta Marta, Capuchos e Miguel Bombarda, acompanhadas pelos eminentes especialistas Victor Serrão, José Meco, Ana Paula Correia e Adelina Amorim, que deram a conhecer aos presentes este importante património azulejar.
Em todas essas visitas a coordenadora do Projecto ‘SOS Azulejo’ sublinhou repetidamente e chamou a atenção dos presentes e da comunicação social para a fase de risco que aqueles acervos azulejares estão prestes a atravessar e para a necessidade imperiosa de tomada de medidas de prevenção que possam protegê-los eficazmente.
Estas visitas só foram possíveis graças aos bons auspícios do Presidente e de um membro muito activo da Comissão do Património Cultural do Centro Hospitalar de Lisboa Central, respectivamente Dr Damas Mora e Dra Célia Pilão.
– A ‘Rede Temática de Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Miguel Santos Simões’, do Instituto de História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Parceira do Projecto SOS Azulejo, elaborou o INVENTÁRIO integral de todos os azulejos históricos e artísticos dos edifícios hospitalares em causa, ação que constitui a pedra basilar de todas as medidas de prevenção e segurança para o património cultural. Com efeito, um qualquer eventual furto destes azulejos seria imediatemante seguido da publicação on line das respetivas imagens, inviabilizando a sua circulação no mercado lícito e dificultando-a muito nos circuitos ilegais.
– Solicitação, estabelecimento de contactos e realização de reuniões com a ‘ESTAMO – Parpública’ (empresa que adquiriu os edifícios hospitalares em causa) no sentido de, com a ajuda dos diversos Parceiros SOS Azulejo (entre os quais a PSP), planear e implementar medidas de segurança PREVENTIVAS efectivas para o edifício hospitalar que já está devoluto, criando um modelo de procedimentos a aplicar futuramente nos restantes edifícios, quando estes deixarem também de exercer funções hospitalares. Estes contactos foram bem acolhidos e tiveram como resultado planeamentos e ações conjuntos, estando neste momento a ser implementada uma sequência de medidas preventivas (incluindo medidas de segurança ativa e passiva) no primeiro edifício já devoluto. O SOS Azulejo pretende replicar este conjunto de procedimentos no futuro, quando os restantes hospitais em causa deixarem os edifícios que ocupam presentemente.